Game of Thrones: S07E06, Beyond the Wall – Mais zumbis e menos coerência do que nunca!

Salve, Justiceiros!

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Essa semana não teve jeito, a resenha atrasou bastante, mas ainda dá tempo de fazer alguns comentários antes da estreia da Season Finale amanhã!

Essa resenha será postada também no Cena Medieval!

O penúltimo episódio de cada temporada de Game of Thrones é sempre cheio de ação, e esse não foi diferente. Vamos ver então as consequências:

O episódio começa com A Sociedade Além da Muralha indo cada vez mais para o norte. Não fica claro o quanto eles avançam, mas parecem ser dezenas de quilômetros, e no meio tempo vários papos interessantes vão acontecendo entre os membros dessa comitiva.

O mais interessante, na minha opinião, é a pequena conversa entre Tormund e Jon. Basicamente, o selvagem reconhece que o orgulho de Mance Rayder e sua negativa de se ajoelhar perante Stannis, embora garantisse o respeito do Povo Livre, também fez com que uma parcela muito maior do Povo Livre morresse. Muito mais do que era necessário nessa guerra. E esse discurso de Tormund irá influenciar muito Jon no final do episódio. Mance era orgulhoso, Mance era um grande líder, mas no final isso apenas causou mais morte em seu próprio povo. Ponto positivo para os produtores da série, pela boa continuidade.

Em Winterfell, vemos mais um passo do atrito entre Arya e Sansa, e aqui infelizmente os produtores voltam a fazer cagada, porque esse conflito inteiro entre as duas não faz muito sentido. Arya deveria estar mais madura e focada nos problemas reais, que demandam a união da alcatéia, em vez de se prender a rusgas antigas e usar argumentos para confrontar sua irmã que, no melhor dos casos, são muito fracos.

Arya acusa Sansa de ter ajudado os Lannisters a matar seu pai Ned, mas é uma grande mentira. Sansa repetidamente tentou interceder pelo pai, e entrou em desespero no momento da execução, que também foi presenciada por Arya, que por sua vez, também não fez nada. Não que fosse razoável esperar que qualquer uma delas tivesse feito algo, ambas eram crianças, mas a Arya da série não entende isso.

Sansa explica que foi obrigada pelos Lannisters a escrever a famigerada mensagem (que foi encontrada por Arya no episódio passado), afinal ela era apenas uma criança e estava vulnerável aos inimigos, mas Arya ignora e recomeça seu discurso sobre Sansa ser fraca, estúpida e fútil.

Arya está sendo no melhor dos casos insensata, e no pior dos casos simplesmente hipócrita. Ela tem um grande recalque pela relação com Sansa quando ambas eram crianças, de modo que sua raiva é até um pouco compreensível, mas ela esquece que ela própria era a copeira de Tywin Lannister no Castelo de Harrenhal (lá na temporada 2), e não foi muito mais heroica ou ousada que a irmã na época.

Em resumo, o roteiro transformou Arya, uma adulta que supostamente amadureceu ao custo de muito sofrimento (e se tornou uma assassina extremamente habilidosa), numa criança com motivações irracionais, o que é muito conveniente para Mindinho, que tenta usar isso para separar as irmãs Stark, colocar Sansa no controle do Norte, e por baixo dos panos controlar a própria Sansa.

Em Pedra do Dragão, temos um diálogo já mais interessante entre Tyrion e Daenerys, pois há um indicativo do que pode ser a grande consequência de Dany quebrar “A Roda” de poder (the Wheel, como eles dizem) que estabelece a alternância da dominância das poderosas famílias do Reino. Tyrion levanta a questão da sucessão: quem vai reinar depois que Dany morrer, já que ela não pode ter filhos?

As recomendações da Mão da Rainha para a escolha de um sucessor são ignoradas pela Rainha, que simplesmente não quer falar disso. Ainda assim, Tyrion menciona a democracia como um possível jeito de permitir que Westeros escolha seu próximo líder – assim como os Homens de Ferro e a Patrulha da Noite já fazem há um tempo. Isso sim seria quebrar A Roda de Poder, e realizar uma verdadeira transformação na política e na sociedade deste universo.

De volta às terras Além da Muralha, vemos um pouco de ação com o ataque de um urso-polar-zumbi-gigante (uma bela inspiração pra narradores de D&D). Beric coloca fogo no bixo, mas deve ter tirado 1 no d20, pois geralmente o fogo é super efetivo contra os zumbis. Sandor fica paralisado por sua fobia de fogo (e tira um resultado baixo em seu teste de resistência de vontade para continuar lutando). Jorah então mata o bixo com uma adaga de vidro de dragão.

Observação: nos livros o vidro-de-dragão (obsidiana) é super efetivo contra os Caminhates Brancos (foi assim que Sam matou um deles), mas não parece fazer muito efeito contra os zumbis, assim como ainda não foi dito claramente nos livros que o aço valiriano tenha algum grande efeito contra qualquer uma dessas criaturas. Na série, aparentemente tanto o vidro de dragão quanto o aço valiriano são super efetivos contra ambas.

Thoros e vários minions da comitiva (vulgo patrulheiros) morrem. Sem surpresa, era óbvio que algum dos personagens principais da comitiva ia morrer (eu inclusive havia palpitado exatamente que Beric ou Thoros deveriam morrer, na minha última resenha). Quanto aos pobres personagens sem nomes e sem falas que morreram, podemos apenas sentir pena. Nada mais mortal numa história como essa do que ser apenas um figurante.

Aparece um grupo de zumbis liderado por um caminhante branco, e quando Jon o mata, fica sugerido que zumbis caem quando se mata o caminhante que os ergueu. Isso é uma informação super relevante para o roteiro, pois se a mesma relação existir entre o caminhante branco e o outro caminhante que o criou, todos eles estariam ligados por uma poderosa teia (como as relações de sangue entre vampiros), e a guerra poderia acabar com um único golpe que matasse o Rei da Noite.

Após essa pequena batalha, a comitiva é atacada pelo que parece ser o exército inteiro dos caminhantes e sua infantaria zumbi, e as maiores incoerências do episódio começam. A primeira delas é a resistência de corredor de maratona de Gendry, que quase instantaneamente volta para a Muralha. Não fosse isso suficiente, o corvo que Davos manda para Daenerys chega em Pedra do Dragão (muitas e muitas milhas ao sul) mais rápido do que um e-mail chegaria nos dias de hoje. E não fosse isso suficiente ainda, Daenerys voa na velocidade do som com seus três dragões e chega para resgatar Jon e sua comitiva, que deveria ter esperado muitos dias, mas mal esperou uma noite pela chegada do resgate.

Em contrapartida, os Caminhantes Brancos e seus zumbis esperam nas bordas do lago congelado, no centro do qual a comitiva se isolou. Ainda que os zumbis não pudessem caminhar na superfície do lago sem quebrá-la, eles poderiam atirar lanças, flechas ou pedras. Mas não, eles esperam pacientemente. O Rei da Noite já esperou 8 mil anos desde a última Longa Noite, o que seriam mais algumas horas, não é mesmo? É quase como se ele já soubesse que Dany viria com os três dragões (não faria sentido nenhum ele saber, mas vai que ele tem uns poderes de visão como o Bran, né? Sei lá…).

Dany chega e começa a colocar fogo nos zumbis, mas seu dragão Viserion é morto por uma lança de gelo atirada pelo próprio Rei da Noite. Ele tinha três lanças, o que sugere mais uma vez que ele já sabia que os dragões estavam vindo, mas o grupo sobe no lombo de Drogon e foge – exceto o maldito Jon, que o tempo inteiro desafia a morte e as probabilidades (afinal ele tem certeza de que nunca vai morrer), acabando com a tensão e o drama da história.

Uma das coisas que sempre fez Game of Thrones uma história única é o fato de que, quando personagens faziam burradas, morriam, ainda que fossem bons personagens, como Ned e Robb morreram. Mas nessa altura, a história mudou a tal ponto que os personagens principais podem fazer as maiores burradas do universo e ainda assim sobreviver, como Jaime correndo para estocar um dragão ou Jon (mais de uma vez) escolhendo enfrentar sozinho uma horda de inúmeros inimigos.

Benjen Stark, em sua versão “zumbi-lúcido”, aparece para salvar Jon, e se sacrifica de uma vez por todas para que o sobrinho possa sobreviver e voltar à Muralha, onde Daenerys o espera.

E no navio de volta para Pedra do Dragão, Jon finalmente diz que irá se ajoelhar perante ela, ou seja, colocará o Norte sob o domínio da dinastia Targaryen mais uma vez. Ao fazer o que Mance Rayder não fez, Jon abdica de seu orgulho, e possivelmente sofrerá com a perda do respeito de alguns de seus vassalos nortenhos, mas está poupando muitas vidas (que lutariam nessa guerra), além de firmar a poderosa aliança que vai lutar contra a ameaça dos Caminhantes Brancos e do inverno.

E cá entre nós, ele não sabe ainda, mas ele é um Targaryen com uma reivindicação ao trono superior à de Daenerys, então ainda há muitas formas sob as quais essa situação pode se desenrolar.

E finalmente, na última cena, os zumbis puxam Viserion morto para fora do lago, e o Rei da Noite o ressucita. A forma como isso acontece, com os olhos do dragão brilhando azuis, sugere que ele agora é mais um dragão-caminhante-branco do que um zumbi, o que, novamente, não faz muito sentido, já que a história havia estabelecido a premissa de que os caminhantes brancos eram criados a partir de criaturas vivas, no caso os bebês humanos.

Mas… quem liga pra coerência a essa altura, certo?

Deixe aqui nos comentários sua indignação com essas cagadas do roteiro, ou sua empolgação com o que ainda está por vir nessa história!

Observação final: nesse episódio pudemos ver o Guerreiro da Espada de Chama Dourada (Beric) e o Dragão Branco de Olhos Azuis (Viserion ressucitado). Quantas outras cartas de Yu-Gi-Oh será que veremos no próximo episódio? hahaha

 

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Rafael Esteque

Advogado por formação, narrador por paixão, redator por vocação e músico por opção. Minhas anteninhas de vinil nunca funcionam. No 50º dia do meu nome, só espero que Gandalf me chame para uma aventura. Citação favorita: "In the game of thrones, a wizard is never late." Não, pera... ahn... "Do or do not. There is no Hakuna Matata." Não... ahn... Ok, vocês entenderam.